Se mantenha informado de nossas ações
Iniciativas
Observando os rios
Nova história para a Mata Atlântica
Aprendendo com a Mata Atlântica
Apoio a áreas protegidas marinhas
Apoio aos parques e reservas
Florestas do futuro
Centro de experimentos florestais
Aqui tem mata
Atlas da Mata Atlântica
Unidades de Conservação municipais na Mata Atlântica
Sistema de Alertas de Desmatamento da Mata Atlântica
Educação Ambiental
Brasil se compromete com desmatamento zero para garantia de água para a população e atividades econômicas
País coloca a água como direito humano pela primeira vez perante a comunidade internacional
24 de março de 2023
Por Afra Balazina, de Nova York*
No segundo dia da Conferência da Água da ONU, em Nova Iorque, João Paulo Capobianco, secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e chefe da delegação brasileira no evento, ressaltou o papel das florestas para garantir água para a população, reforçou o compromisso do país com o desmatamento zero e declarou que a água é um direito humano básico dos cidadãos.
À tarde, ele discursou na plenária principal em nome do governo brasileiro e disse que o país está disposto a participar do diálogo internacional e cooperar com outras nações em relação à água e demais questões ambientais. Em painel pela manhã, ele defendeu que haja uma integração da agenda da água com a agenda de clima. E que a Conferência do Clima da ONU (COP) internalize essa agenda para que a comunidade internacional possa fazer compromissos vinculantes.
“Uma vez que a floresta desempenha papel fundamental na regulação do ciclo da água, o país, que já tem sofrido com eventos extremos, tem meta de zerar o desmatamento em todos os biomas até 2030”, afirmou. “Água é chave para a vida no planeta. É necessário a todos: humanos, animais, plantas. É essencial para nossa própria existência. A escassez de água está se tornando crítica em muitas partes do mundo. E onde a água é abundante, manter sua qualidade é um desafio. Podemos aproveitar esta oportunidade há muito esperada para nos comprometermos a iniciar uma conversa multilateral sobre os desafios e soluções para gestão sustentável da água. O Brasil tem muito a contribuir com esse debate e está ansioso para cooperar com todos os parceiros dispostos”, reforçou.
Capobianco disse ainda que é crucial ampliar e aprofundar o debate internacional sobre o reconhecimento do acesso à água e ao saneamento como direitos humanos básicos e que a legislação brasileira estabelece a água como um “bem público” e que “as políticas e ações devem ser pautadas pela ampla participação social e pelo equilíbrio entre os múltiplos usos”.
Malu Ribeiro, diretora de Políticas Públicas da Fundação SOS Mata Atlântica que participa da Conferência, destacou que esta foi a primeira vez que o Brasil colocou a água como um direito humano perante a comunidade internacional. “Desde 2010 as Nações Unidas proclamaram esse direito, porém, o Brasil ainda não. Uma Proposta de Emenda à Constituição Federal (PEC 06/2021) está em tramitação na Câmara dos Deputados e precisa ser aprovada para que o acesso à água seja incluído dentre os direitos fundamentais dos brasileiros e brasileiras”, ressaltou.
“É muito importante ver o Brasil assumindo compromissos internacionais, com resgate da credibilidade perdida nos últimos 4 anos. Finalmente nosso país volta ao cenário internacional com agendas estratégicas”, afirmou. Para Malu, é imperativo que governo brasileiro assuma a água como elemento fundamental para o desenvolvimento socioeconômico e ambiental. E que, com a coordenação do Ministério do Meio Ambiente, promova a gestão da água de forma transversal e integradora, como propõe para a mudança do clima. “Temos o enorme desafio de promover a justiça climática e a inclusão hídrica, de universalizar o saneamento básico e recuperar a qualidade da água dos rios e mananciais”, disse.
Antes da conferência, a SOS Mata Atlântica incluiu na Agenda de Ação da Água promovida pela ONU seu compromisso em trabalhar pelo desmatamento zero e promover a restauração das florestas como contribuição para garantir água em quantidade e qualidade para a população.
Num encontro com Capobianco já em Nova York, no primeiro dia da Conferência, Malu também reforçou a conexão das pautas de florestas e água, e lhe entregou o relatório do programa Observando os Rios, que mostra a qualidade da água na Mata Atlântica.
Dos 160 pontos monitorados em 120 rios e corpos d’água, em 16 estados do bioma, apenas 6,9% têm qualidade de água boa, 75% regular e 18,1, ruim e péssima. Os indicadores foram levantados por uma rede de cerca de 3 mil voluntários que integram o programa. “Esse retrato mostra que a contaminação e a precária condição dos rios e mananciais potencializam as crises, a escassez de água boa e os conflitos por uso da água no Brasil”, afirmou Malu.
Na mesma ocasião, a AVAAZ entregou ao secretário uma petição com mais de meio milhão de assinaturas pedindo a garantia da água como direito humano, com gestão sustentável envolvendo mulheres, povos indígenas e comunidades locais. Capobianco recebeu os documentos com “interesse e prazer”, disse que estão sintonizados com o direcionamento que a pasta terá no Ministério e que os considera não como uma pressão, mas como apoio à agenda do governo na Conferência.
Em 2020, o Brasil estabeleceu metas de ter 99% dos brasileiros com acesso à água e 90% com acesso ao saneamento até 2033. De acordo com Capobianco, para atingir essas metas, é necessária a “adoção de políticas públicas que promovem a inovação nesses setores, incorporando abordagens baseadas em ecossistemas como forma de garantir o acesso à água para todos, especialmente para as populações mais vulneráveis nas cidades, para os povos indígenas e as comunidades locais em áreas rurais”. “A água é o principal recurso natural e permeia todas as questões ambientais, econômicas e sociais, com atenção especial às mudanças climáticas, florestas e biodiversidade. Para garantir acesso universal à água e saneamento é fundamental abordar uma das prioridades do nosso novo governo: combater a pobreza e a desigualdade em todas as suas formas”, ressaltou.
Em relação a atrelar a água à agenda climática, o secretário-executivo ressaltou que “a emergência climática deve estar no centro do debate sobre a agenda da água e atenção especial deve ser dada para implementar ações de adaptação ao clima, a fim de evitar interrupções na produção e transporte de alimentos e até mesmo do abastecimento de água das populações”. “É importante ressaltar o papel que a conservação, proteção e restauração de florestas, biodiversidade e ecossistemas possuem no gerenciamento sustentável da água. A produção agrícola e energética no Brasil dependem de um regime de chuvas estável e previsível, e é vantajoso para nós combatermos o desmatamento e promover a restauração de florestas e ecossistemas”, disse o secretário-executivo.
O IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU) lançou nesta semana um novo relatório síntese que deixa clara a urgência e como a mudança do clima afeta a biodiversidade, a saúde, a produção de alimentos e também a água. “Já temos crises hídricas ocorrendo em várias partes do mundo e os eventos extremos como secas, inundações e desastres de falta ou excesso de água serão cada vez mais intensos, mais frequentes e mais imprevisíveis. Segundo o documento, nós já temos as tecnologias para cortar 50% das emissões até 2030 e o mundo tem os recursos financeiros para isso, portanto é uma questão política”, afirmou Luís Fernando Guedes Pinto, diretor-executivo da SOS Mata Atlântica. “O problema é gravíssimo, os danos já estão acontecendo para a biodiversidade, para as pessoas, para a economia, para a saúde. Entretanto, o que nós temos na mesa hoje em relação a acordos e compromissos de governos, empresas e do multilateralismo está muito aquém do que a gente precisa”, ressaltou.
* A Fundação SOS Mata Atlântica contou com o apoio do Avião Solidário da LATAM Airlines para participar da Conferência da Água da ONU em Nova York.
Relacionados
Fundação SOS Pro-Mata Atlântica
+55 (11) 3262-4088
Rodovia Marechal Rondon, KM 118
13312-000 - Bairro Porunduva – Itu/SP
57.354.540/0001-90
2021 © SOS Mata Atlântica