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23 de November de 2022
Além deste, outros dois PLs considerados antiambientais foram aprovados na CMADS. O de número 195, que enfraquece o controle sobre o transporte de madeira e dá brecha para o comércio e desmatamento ilegais, e o PL 2.168, que permite barrar cursos de água para fins de irrigação e avançar sobre matas ciliares – que são Áreas de Preservação Permanente (APPs) que protegem, entre outros serviços, a provisão de água para o abastecimento humano. “Um projeto como esse, se virar lei, pode gerar instabilidade em todas as bacias hidrográficas do Brasil e alterar o fluxo de vazão de todos os rios brasileiros”, alerta Kenzo Jucá, assessor do ISA (Instituto Socioambiental).
Os PLs integram o que ambientalistas estão chamando de Saldão do Desgoverno, um esforço final de passar políticas que vão contra os compromissos socioambientais já firmados pelo Brasil, como o Acordo de Paris, e pelo novo governo eleito, que quer zerar o desmatamento em todos os biomas.
Mobilização da sociedade
O conjunto de PLs que estavam na pauta da CMADS nesta quarta-feira foi tema do evento Café Ambiental: O Saldão do Desgoverno, promovido por frentes parlamentares em conjunto com organizações da sociedade civil, como a SOS Mata Atlântica e o Observatório do Clima.
Malu Ribeiro esteve no café e alertou os presentes, entre os quais as recém-eleitas deputadas Célia Xakriabá (PSOL-MG) e Sônia Guajajara (PSOL-SP), da bancada indígena, para os perigos do pacote. "A Comissão do Meio Ambiente hoje é, infelizmente, antiambiental", declarou Malu, numa avaliação confirmada pelo resultado da votação.
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As aprovações ignoraram as manifestações da sociedade na sessão, que se organizaram para participar da votação e do café ambiental. "É muito importante a mobilização da Frente Parlamentar Ambientalista, no sentido de evitar que nesse finalzinho de governo Bolsonaro a Câmara Federal e também o Senado façam passar legislações que ferem o meio ambiente do Brasil, que vão colocar inclusive em risco e dificultar a reconstrução das políticas ambientais já no nosso próximo governo, no governo Lula", afirmou Douglas Belchior, que é membro da Coalizão Negra Por Direitos e está na equipe de transição do presidente eleito.
Ele diz que os movimentos sociais estão atentos. "A gente teve uma participação do movimento negro na COP [27, Conferência do Clima realizada no Egito], a partir da demanda da luta contra o racismo ambiental, com vitórias importantes. Acho que tem um fôlego da sociedade civil em torno do tema, que vai com certeza ser prioridade no próximo governo. A gente não pode vacilar, não pode esmorecer, não pode deixar de ficar muito atento nesse finalzinho de mandato para não deixar passar mais boiada do que já passou", defendeu Belchior.
Apesar dos reveses sofridos, Malu Ribeiro comora o fato de a sociedade ter conseguido evitar a votação de outros três PLs que atacam a Mata Atlântica. Ela resume o dia como de muita pressão da sociedade, tentativas de acordo e participação de lideranças dos movimentos ambientalista, indígena, negro, de mulheres e jovens. "Foi um dia de celebração também da resistência que nós conseguimos exercer nesses quatro anos de desmonte da nossa legislação ambiental e dos nossos direitos civis. Agora é reconstruir", declara, prometendo seguir acompanhado as pautas e mobilizando as pessoas para impedir o saldão do desgoverno de ir adiante.