*Por Luis Fernando Guedes Pinto e Diego Igawa Martinez
Confira
aqui o artigo original no
El País.
Os olhos do mundo inteiro se voltaram carregados de expectativas para os Estados Unidos nas última semanas, durante a Cúpula do Clima. Já não é novidade que a agenda ambiental está no centro do debate e das preocupações das principais lideranças do planeta. Planeta esse que vai parar novamente em outubro, com a Convenção da Biodiversidade, e em novembro, com a Convenção do Clima, onde serão discutidos acordos internacionais que podem nos guiar para uma relação mais produtiva, sustentável e saudável com nossos ecossistemas.
Ainda em 2021 teremos também a Cúpula da ONU sobre Sistemas Alimentares, que conecta meio ambiente, biodiversidade e clima com agricultura e saúde. Após mais de um ano em meio à uma pandemia cuja origem está profundamente ligada à degradação ambiental e à perda de biodiversidade, o conceito de Saúde Única (One Health), integrando a saúde humana à dos ecossistemas, será um dos vieses a dar o tom em todas essas negociações multilaterais.
Nesse contexto, o papel dos países que detêm florestas tropicais e que são grandes produtores de alimentos é ainda mais relevante. Entretanto, o Brasil ainda não deixou claro o que vai levar para a mesa de negociação em 2021 para pautar toda a próxima década. E, pior, ainda que a relação entre saúde pública e natureza seja evidente, estudo publicado na revista Biological Conservation em março deste ano mostrou que metade dos atos normativos que enfraqueceram a proteção ambiental no país foram editados justamente durante a pandemia.
A Mata Atlântica é o bioma mais ameaçado e mais biodiverso do país e há uma grande preocupação sobre a proteção do que nos resta de floresta nativa. Mesmo os fragmentos florestais que resistiram ao desmatamento perderam 25% a 32% de sua biomassa potencial e 23 a 31% da sua biodiversidade, segundo dados publicados na revista Nature Communications no final de 2020. Porém, os fragmentos dentro de Unidades de Conservação de proteção integral – aquelas onde são admitidas apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, como turismo e pesquisa – apresentavam uma condição significativamente melhor.
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Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais