SOS Mata Atlântica se torna parceira oficial da Década das Nações Unidas da Restauração de Ecossistemas

21 de September de 2022

A Fundação SOS Mata Atlântica acaba de se tornar uma parceira oficial no Brasil da Década das Nações Unidas da Restauração de Ecossistemas (2021-2030). Com ações reconhecidas no fomento à restauração da floresta, a instituição passou a integrar o grupo de Atores do movimento global no primeiro semestre de 2022 e, neste Dia da Árvore, sobe um degrau e passa a ser um Supporting Partner – ao lado da Sociedade Brasileira de Restauração Ecológica (SOBRE).  O movimento, liderado pelo Programa da ONU para o Meio Ambiente (PNUMA) e pela Organização da ONU para a Alimentação e Agricultura (FAO), é um apelo para a proteção e revitalização dos ecossistemas em todo o mundo, em benefício das pessoas e da natureza, visando deter a degradação dos ecossistemas e restaurá-los para atingir objetivos globais.   O Oficial de Projetos do PNUMA, Matheus Couto, reconhece a imensa importância de ter a SOS Mata Atlântica como aliada da Década da Restauração.   “A SOS Mata Atlântica está comemorando 36 anos desde sua fundação e estamos muito contentes em fortalecermos a parceria com o PNUMA, por meio deste apoio fundamental para a implementação da Década no Brasil. A gente sabe que a Década da Restauração para a SOS se iniciou há três décadas, e toda essa experiência e capacidade da SOS em dar escala à restauração, à mobilização de voluntários, ao apoio às áreas protegidas e às ações de comunicação são extremamente valiosas”, declarou Couto.   A restauração da floresta é uma causa prioritária para a Fundação, já que a Mata Atlântica é o bioma mais devastado do país e continua sob ameaça, com índices de desmatamento aumentando nos últimos anos. A SOS Mata Atlântica está entre as organizações que mais plantou árvores nativas no Brasil – foram cerca de 42 milhões de árvores nativas. É a primeira entre as organizações da sociedade civil e a segunda instituição com maior área plantada e cadastrada no banco do Pacto pela Restauração da Mata Atlântica. Combinando todas as iniciativas de restauração, atingiu-se uma área de 23 mil hectares – o equivalente ao território de Recife –, distribuídos em 550 municípios.  “A Década das Nações Unidas da Restauração de Ecossistemas tem papel fundamental na transformação que precisamos e desejamos fazer no mundo. Estamos muito honrados e cientes da responsabilidade quanto a esse novo papel no movimento”, ressaltou Luís Fernando Guedes Pinto, diretor executivo da SOS Mata Atlântica.     [caption id="attachment_1090645666" align="aligncenter" width="640"] Trabalhadores no viveiro de mudas nativas em Itu, São Paulo. Foto: Arquivo SOS Mata Atlântica.
Histórico de atuação  As iniciativas de restauração da SOS Mata Atlântica estão distribuídas por nove estados, sendo São Paulo, Paraná e Minas Gerais os mais beneficiados. Em escala regional, o município que recebeu o plantio do maior número de árvores nativas é Itu, no interior de São Paulo, com mais de 1,5 milhão de mudas, distribuídas em 47 projetos. Na cidade também se encontra o Centro de Experimentos Florestais da Fundação, onde são realizadas pesquisas sobre metodologias de restauração e sobre a relação da biodiversidade com as novas florestas. Ali também se encontra um viveiro com capacidade de produzir até 750 mil mudas ao ano.   A área, que já teve diversas vocações, como fazenda para produção de café e criação de gado, é hoje um exemplo claro dos benefícios que a restauração pode trazer para o seu entorno e para toda sociedade, como o retorno de nascentes e aumento do nível de água superficial e subterrânea.  “Apesar de ser uma das florestas mais biodiversas do mundo, a Mata Atlântica passou por intensos períodos de exploração econômica, que acabaram por torná-la também uma das mais degradadas. Essas florestas seguem em rota de alta ameaça, com o aumento do isolamento de áreas e degradação dos fragmentos mais importantes. Diante deste cenário, interromper graves ameaças, como o desmatamento, é imperativo, mas não suficiente. Se faz necessário a implementação de soluções baseadas na natureza, como a restauração florestal, para conservação e recuperação do bioma”, afirma Guedes Pinto.   Globalmente, o bioma também tem importante papel. Ele ressalta que um estudo publicado na revista Nature, que considerou os benefícios para a conservação da biodiversidade e a mitigação das mudanças climáticas, apontou a Mata Atlântica como um dos ecossistemas com maior prioridade para a restauração no mundo. O estudo afirma que o bioma faz parte de um grupo de ecossistemas em que a restauração de 15% de sua área evitaria 60% das extinções de espécies previstas, ao mesmo tempo em que sequestraria o equivalente a 30% do CO2 lançado na atmosfera desde o início da Revolução Industrial. 
Área em processo de restauração. Foto: Arquivo SOS Mata Atlântica.
A Fundação SOS Mata Atlântica realiza um trabalho integrado para a restauração da Mata Atlântica, que combina o monitoramento do desmatamento, a produção e plantio de mudas de árvores nativas, estudos e apoio à pesquisa científica, além da incidência em políticas públicas. Participou ativamente da construção da Lei da Mata Atlântica, que conferiu ao bioma proteção única e inédita no país, e das discussões sobre o novo Código Florestal, aprovado em 2012 e que, se implementado, pode alavancar os esforços de restauração nos estados. Atualmente, a equipe acompanha com atenção os projetos de lei que ameaçam a floresta ou podem prejudicar as iniciativas de recuperação das matas, além de apresentar propostas para a retomada de um desenvolvimento sustentável no Brasil.    Consciente de que é preciso engajar diversos setores da sociedade para que a restauração ganhe escala, a SOS Mata Atlântica realiza campanhas e eventos que sensibilizam pessoas para a causa, como o Viva a Mata, e também promove experiências e cursos presenciais e online, a exemplo do Mata Atlântica Vai à Escola, destinado a professores do ensino médio. Também fortalece redes como o Observatório do Clima, Pacto pela Restauração da Mata Atlântica e Rede de ONGs da Mata Atlântica, espaços de troca e aprendizagem entre organizações da sociedade civil.